quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ética? (1)

Coisas que me agoniam.

Falsidade me agonia. Correto, falsidade causa desgosto à maioria dos seres humanos. Mas tem coisas que realmente não entendo. Essas (várias) questões de costume, convenção, ética, sei lá o que.


Well, dizem que está na ética que o anfitrião deve abrir a porta para o visitante ir embora (que, acho estranho, significa "em boa hora"). Não sei quem inventou essa aí. Na minha percepção, sinto estar mandando o visitante "em boa hora", o que me soa como um "graças a Deus que você está indo". Não que eu use aquelas frases de despedida (com exceção das vezes em que há sinceridade na hora de pronunciá-las), como "já está indo?" (que é uma falta do que falar, repetição!), "tá cedo ainda!" (horrível, ainda mais quando já são 2h e o anfitrião já está com "aquela" cara de sono), "não quer ficar mais um pouquinho?" (quando o visitante sabe que o anfitrião tem um compromisso 10min depois, este perdeu a oportuinidade de ficar quieto), mas abrir a porta para a visita ir embora já é demais. Acho falta de educação, não abro. Deixo a ética de lado.

Já como com a mão com a qual não tenho coordenação, visto roupa que não estou a fim, cumprimento gente que não sei se realmente gostaria, tudo pela ética, esse turbilhão de valores que alguém inventou e ninguém questiona, apenas segue. Como dizia um ótimo professor, culpa dessa sociedade amorfa.


Outra aflição: Cumprimento rápido que inclui o "tudo bem?". Aaah, isso eu não entendo. Esse é, para mim, o cúmulo da falsidade. Não sei quem está mentindo mais: o apressado que perguntou e nem tem tempo pra saber, ou nem quer saber, ou o espectador passivo que, na maioria das vezes, pra encurtar a conversa, responde "tudo". Primeiro, pra que fazer uma pergunta na que não se está interessado na resposta? Educação? De novo, ética? Não entendo, não pratico. Depois, "tudo" é uma palavra que engloba tantas coisas, que nem sei se deveria ser usada, mas, nesse caso, já seria abuso meu.

Vamos às opções da pessoa que responde: a) Não responder. A pessoa vai se passar por surda ou mal educada. Na probabiliddae da segunda opção, é melhor mudar a alternativa, ou não. b) Responder "tudo". Quando a maioria das coisas vai bem, ok, certo. Quando não, aí está o problema das convenções sociais: o primeiro finge que quer saber e o segundo finge que está tudo bem. É o que posso chamar de bola de neve da falsidade, da superficialidade. Então, pra sair dessa, resta a terceira alternativa. c) Responder "não, não está tudo bem". Fiz isso esses dias. Fui sincera.

Cheguei ao estágio com um "Boa tarde!" e meu chefe, um cara entupido de experiências pra passar, "Boa tarde, Helena, tudo bem?". Sério, pareceu tão sincero, que resolvi responder com a mesma sinceridade (e realidade do dia): "Não". Aí estiveram as questões: Faz diferença ele saber? E se ele quiser saber por quê? (Essa pergunta só me veio depois que ele me perguntou realmente o porquê). Tentei disfarçar, mas percebi que não adiantou, ao que ele respondeu: "Não está tudo bem? Leva o bode pra casa...". E eu: "Hahah. An?"


Sei que comecei esta postagem com a intenção de contar a história do tal bode, só que agora já me estendi, vou deixar pra próxima. Sei também que, na segunda vez que respondi "não" pra alguém (que, por sinal, foi na mesma semana), lembrei duas coisas: "e se ela perguntar o por quê?" "pior se eu estivesse com o bode em casa...".

Confesso que voltei à convenção do "tudo", mas, agora, por uma questão de gratidão e, portanto, sinceridade.


"Nada precisa tanto de reforma como os hábitos dos outros" (Mark Twain)

3 comentários:

Fer disse...

Mas ta tudo bem ctg Pri?

Helena Machado disse...

sim, sim.
kkkkkkk!!!

Cintia Guimarães disse...

kkkkk....Oi Helenaaa....adorei esse post....concordo com muitas cosias...hehehe
Beijooo